Aridez é oásis de escassez em meio à opulenta vastidão.
Há dias em que ramalhetes de mãos se integram às minhas em afetuosidade cordial; constelações de estrelas tácteis tentam desanuviar o horizonte das relações sociais. Mas, ao anoitecer, se me faltarem teus dedos em pétala ou se teu céu sem nuvens não tatear nosso horizonte, não irei me valer dos ramalhetes nem das constelações.
Há dias em que meus olhos pisam continentes de palavras; incontáveis oceanos de vozes inundam os meus ouvidos. Mas, ao anoitecer, se faltar a ilha de frases de um bilhete teu ou se de tua boca não fluir rio algum a molhar o que minha alma ouve, não irei me valer dos continentes nem dos oceanos.
Há dias em que o vento que move os Homens espalha corpos por toda a extensão de espaço pela qual me movimento.
Mas, ao anoitecer, se teu corpo é apenas espaço em meu leito, a Noite vocifera noites plenas de ausência.